Em nossa mostra de poesia neolatina apresentamos três poemas de Marina Silva, professora de história, senadora pelo Acre (1995—2011) e ex-Ministra do Meio Ambiente. Nascida em Rio Branco, Marina Silva é idealizadora da Rede Sustentabilidade (REDE) e uma das mais premiadas e respeitadas ambientalistas do mundo.

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[Edição 2022] Atualmente, Marina Silva é pré-candidata a Deputada Federal pelo estado de São Paulo, pela REDE. Na Philos, você lê uma mostra de poemas de Marina e assiste ao vídeo com diversos artistas, como Anitta, que muito honradamente nos alegram em recitá-lo:

arco e flecha

Do arco que empurra a flecha,
Quero a força que a dispara.
Da flecha que penetra o alvo
Quero a mira que o acerta.

Do alvo mirado
Quero o que o faz desejado.
Do desejo que busca o alvo
Quero o amor por razão.

Sendo assim não terei arma,
Só assim não farei a guerra.
E assim fará sentido
Meu passar por esta terra.

Sou o arco, sou a flecha,
Sou todo em metades,
Sou as partes que se mesclam
Nos propósitos e nas vontades.

Sou o arco por primeiro,
Sou a flecha por segundo,
Sou a flecha por primeiro,
Sou o arco por segundo.

Buscai o melhor de mim
E terás o melhor de mim.
Darei o melhor de mim
Onde precisar o mundo.

de marias, amélias e madalenas

No sofrimento somos Maria,
Mãe de um Deus assassinado.
Marias sem alegria.
Dor sem futuro ou passado.

Na renúncia somos Amélia, de uma triste verdade.
Amélias sem sonho, desejo ou vontade.

No preconceito, Madalena,
nas praças apedrejada.
Madalenas : ao pecado
e à culpa predestinadas.

Só no amor temos os nomes
e as formas de nossa estima;
velha mãe, jovem formosa
e, eternamente, menina.

uma voz

Sei não ser a firme voz
Que clama em meio ao deserto,
Mas me disponho estar perto
Para expandir o seu eco.
Sei nem sempre ter força,
Para amar meus inimigos,
Mas comprometo não vingar-me,
Não lhes impingir castigo.
Sei não possuir coragem
De morrer por meus amigos,
Mas me disponho guardá-los
No mais recôndito abrigo.
Sei nem sempre ser aceito
O fruto de minha ação,
Mas me submeto expô-lo
Ao crivo doutra razão.
Voz, coragem, força e aceitação,
Tem fonte no mesmo espírito,
Origem no mesmo verbo,
Lugar onde me inspiro
E a semelhança preservo,
Na comunhão com meu próximo.
No Logos que em mim carrego.


Arco e flecha & outros poemas de Marina Silva podem ser lidos na edição de outono-inverno 2018 da Philos.


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Publicado por:Philos

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